Estudo
realizado por brasileiros indica que o vírus da zika pode não ter sido o único
causador dos severos casos de microcefalia no País partir de 2015. Cientistas
demonstraram que más-formações congênitas, observadas sobretudo no Nordeste,
podem ter sido agravadas por bactéria presente na água.
A
pesquisa, realizada pelo Instituto D’Or (IDOR), Fiocruz e pelas Universidades
Federais do Rio de Janeiro e Rural de Pernambuco (UFRJ e UFRPE), demonstrou que
a saxitoxina (STX), toxina liberada por bactéria encontrada em reservatórios de
água, é capaz de acelerar a morte de células neuronais também expostas à
infecção pelo zika.
O
fenômeno foi observado pelos pesquisadores em experimentos realizados em
camundongas grávidas e em minicérebros humanos. Em ambos os casos, a presença
de STX associada ao zika acelerou em mais de duas vezes a destruição de células
do cérebro.
Na
mesma pesquisa, os cientistas também descobriram que a prevalência da
cianobactéria Raphidiopsis raciborskii e da toxina produzida por ela era significativamente
maior nos reservatórios de água do Nordeste do que em outras regiões. O achado
ajudaria a explicar por que Estados nordestinos foram os mais afetados. Do
total de casos de síndrome congênita de zika no País, de 2015 a 2018, 63% foram
no Nordeste.
Um
dos financiadores do estudo, o Ministério da Saúde afirmou que ainda não se
pode dizer que a relação entre toxina, zika e microcefalia observada nos
camundongos tenha efeito em humanos, mas destacou que "os achados
científicos são importantes para a próxima fase do estudo, que irá avaliar essa
correlação com a água".
Diário do Nordeste
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